Cerca de 840 catadores vão trabalhar dentro dos Estádios
As organização dos catadores de
materiais recicláveis mostra mais uma vez o resultado de um esforço
nacional de luta e organização da categoria com a participação oficial
na prestação de serviços durante a Copa do Mundo. Cerca de 840 catadores
organizados em cooperativas e Redes de cooperativas farão porte do time
de coleta seletiva dentro dos 12 Estádios palcos do mundial, além de
eventos oficiais do mundial. A ação é fruto de parceria do Movimento
Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Coca-cola Brasil
e Fifa que contrataram as Redes de cooperativas nas cidades sedes e
paga os catadores pelo serviço de destinação correta dos resíduos
gerados nos eventos, além de capacitação e uniformes.
A reivindicação para serem incluídos
em grande evento é antiga e já houve experiências desse tipo na Copa das
confederações onde os catadores cariocas prestaram esse mesmo serviço
de forma exitosa.
Cada catador envolvido receberá R$
80,00 por dia de trabalho, além de transporte e alimentação. Nos jogos
na cidade de São Paulo são 70 catadores estão envolvidos na coleta
dentro dos Estádios e outros 30 envolvidos na triagem dos materiais
recicláveis no Galpão da Rede Cata Sampa que são outro complemento na
renda das cooperativas ligadas a Rede.
“É um desafio, mas é um desafio muito
importante que para mostra que nós estamos prontos para fazer a coleta
não apenas em uma copa do mundo, mas fazer a prestação de serviços nos
municípios e em grande eventos.” avaliou o catador Eduardo Ferreira de
Paulo, representante do MNCR e um dos selecionados a trabalhar dentro do
Estádio.
Filhos de catadores também foram
convidados para entrar no gramado segurando a bandeira do Brasil nos
jogos. Mariana Gregório de Paula, 14 anos, filha de Eduardo foi uma das
selecionadas e esta entusiasmada por participar desse momento. “Eu
quero que chegue logo esse dia”, declarou.
Comitê Popular da Copa
O MNCR participa do Comitê Popular da
Copa e é solidário aos movimentos sociais e lutam por direitos durante a
Copa do Mundo. “A reivindicação é uma causa justa e correta, tem que
reivindicar, ou antes ou depois da Copa, tem que reivindicar, mas nós
esperamos que não haja violência na cidade de São Paulo” declarou
Eduardo frisando que o Movimento esta observando qualquer ação de
repressão aos catadores não organizados a exemplo de outras cidades como
Curitiba e Manaus, nas quais o MNCR, mesmo trabalhando nos Estádios,
saiu às ruas denunciando ações de violação dos direitos dos catadores e
ausência de parcerias concretas com o Poder Público local.
Fora dos estádios
O Ministério do Meio Ambiente (MMA)
abriu uma linha de apoio às cidades-sede da Copa do Mundo para a
inclusão de catadores de material reciclável e seis localidades foram
contempladas com R$ 2,3 milhões. Com o investimento, as Prefeituras
locais estão sendo incentivadas a contratar cooperativas para fazer a
coleta seletiva no entorno das arenas onde serão disputados os jogos e
em festas oficiais para as torcidas. Todo o material recolhido será
destinado às cooperativas de reciclagem. Nas seis cidades com projetos
aprovados, Belo Horizonte, São Paulo, Fortaleza, Curitiba, Manaus e
Natal, os catadores estão sendo capacitados e serão remunerados pelo
trabalho.
Os recursos serão utilizados para a
capacitação, aquisição de uniformes e equipamentos de proteção
individual, logística do material coletado, além da comunicação e
divulgação das ações de coleta seletiva.
Fora da Copa
Apesar da grande vitória em
participar de um evento dessa magnitude, há também aqueles que ficaram
de fora. A cidade de São Paulo soma 20 mil catadores em atividade que
não trabalho em cooperativas ou redes.
“Houve uma seleção dos catadores,
infelizmente não dá para colocar todo mundo, mas acredito que os
catadores selecionados vão representar bem a categoria e elevar a
autoestima de todos” declarou Eduardo, “Temos uma desafio de organizar
toda a categoria, pois quanto mais organizado mais forte fica,
principalmente para reivindicar dos direitos. Queremos ser reconhecidos
mundialmente por esse trabalho”, completou.
MNCR.